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Castelo de Santa Maria da Feira
Este é um dos monumentos medievais mais completos do país. É um castelo de conto de fadas em uma colina da cidade de Santa Maria da Feira, construído no século XI, redesenhado no século XV, e um dos poucos que foram cuidadosamente restaurados nas últimas décadas
Por Jorge Toth
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      Diz a tradição que o Castelo da Feira se ergue no local de um templo indígena dedicado ao deus Bandeveluco-Toiraeco. Também referido como Castelo de Santa Maria da Feira e Castelo de Santa Maria, localiza-se a pouco mais de meia hora de Aveiro e a 25 minutos do Porto, na freguesia e cidade da Feira concelho Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro, em Portugal. É um dos mais notáveis monumentos do País quanto à forma como espelha a diversidade de recursos defensivos utilizados entre os séculos XI e XVI e que o torna peça única da arquitetura militar portuguesa.

      Em meados do século IX, Afonso III de Leão criou a região administrativa e militar a que deu o nome de Terra de Santa Maria, a sua chefia foi entregue a uma fortaleza militar ali existente, a Cívitas Sanctae Mariae.

      Durante muitos anos a fortaleza funcionou como base avançada das tropas da reconquista cristã e como sentinela contra as invasões árabes vindas do sul. Por duas vezes, no ano 1000, Almansor, o lendário guerreiro árabe, conquistou o Castelo e arrasou a povoação anexa. E por duas vezes, também, os guerreiros e habitantes cristãos reconquistaram a fortaleza, reconstruíram a povoação e lhe mantiveram o nome de Cívitas Sanctae Mariae. Isto atesta bem a coragem e a firmeza das convicções religiosas da época.

      No reinado de Bermudo III de Leão (1028 a 1037) os guerreiros árabes invadiram novamente, mas foram de rechaçados na batalha de Cesar, povoação situada nas proximidades do Castelo, que ainda hoje mantém este nome. A primeira referência documental à sua fortificação consta no manuscrito “Chronica Gothorum” – do final do século XII –, que noticia a vitória sobre um chefe Mouro. A construção da parte inferior da Torre de Menagem, que tinha a função de alcáçova, protegida por uma cerca amuralhada, da qual restam apenas os vestígios, data dessa época.

      Os governadores da época, Men Guterres e Men Lucídio desenvolveram depois um trabalho gigantesco para reconstrução do Castelo e desenvolvimento da Terra de Santa Maria. Por este fato, os reis leoneses distinguiram uma grande parte da população com mercês especiais: a Honra de Infanções, para se avaliar da importância deste título, basta recordar que só no século XIV obtiveram idêntico privilégio os juízes, almotaceis, corregedores e vereadores da cidade de Lisboa.

      Quando D. Henrique (1095-1112) recebeu as terras do Condado, estas incluíam o Castelo de Santa Maria, o Castelo de Guimarães, o Castelo de Faria e o Castelo de Neiva. A partir de 1117, desenvolveu-se no local uma das mais importantes feiras de Portugal, que, com o tempo, deu mesmo nome ao burgo que nasceu à sombra do castelo. Com o falecimento do Conde, diante da ascendência de Fernão Peres de Trava sobre a viúva, D. Teresa de Leão, os senhores ao sul do rio Minho, insatisfeitos, organizaram-se em torno do jovem D. Afonso Henriques. Conta a história que grande parte desta articulação política teve lugar nas terras e Castelo de Santa Maria, sob o domínio de Ermígio Moniz, culminando na batalha de São Mamede (1128), razão pela qual se afirma ser este monumento o verdadeiro berço da independência de Portugal. As terras de Santa Maria compreendiam, à época, um domínio que se estendia do rio Douro até ao Sul de Ovar e de Oliveira de Azeméis, e da orla marítima até ao curso do rio Arda.

      Na carta régia de 10 de abril de 1423, que atribuiu estas mercês, alude-se expressamente ao intento de equiparação aos infanções da Terra de Santa Maria. Do antigo castro romano, e depois fortaleza ampliada na época da reconquista cristã, restam dele hoje, apenas o 1º piso da Torre de Menagem.

      Após 1448 o Rei D. Afonso V entregou-o a Fernão Pereira, que então empreendeu algumas obras de reparação e reconstrução, transformando-o numa residência apalaçada. Obras de caráter arquitetônico essencial, que ainda hoje apresenta, com adaptações a novas regras da balística e a Torre de Menagem, dominando a alcáçova, com o seu remate de coruchéus cónicos e a sua tenalha como novidade de reforço defensivo. Outra torre menor, no lado nascente, forma um poço com uma bem lançada escadaria envolvente. Em 12 de janeiro de 1472, o Rei nomeou Rui Vaz Pereira, filho de Fernão, como 1º conde da Feira, senhor do Castelo e da Terra de Santa Maria. Com a morte sem descendência do último conde (1700), o Castelo passou à casa do Infantado (1708).

      Em 1722 o Palácio dos condes, construído dentro das muralhas, e a Torre de Menagem sofreram um violentíssimo incêndio – ao que se diz por ordem do próprio rei D. João V – receoso das ambições de seu irmão, o infante D. Francisco. Com o declínio da importância militar do Castelo foi este adaptado a paço senhorial.

      A municipalidade iniciou obras para a sua reconstrução em 1887, foi, contudo, com a visita de D. Manuel II, em 1908, bem como com a criação, no ano seguinte, de uma Comissão de Proteção e de Conservação do Castelo, que as mesmas se efetuaram. Junto à muralha da cerca uma capela de planta octogonal, de estilo barroco, mandada construir em 1656.

 

DESTALHES DO CASTELO DE SANTA MARIA DA FEIRA

  • Porta da Vila e Barbacã

      A entrada do castelo faz-se pela chamada “porta da vila” protegida por uma barbacã. Esta entrada leva à “cerca avançada” ou “praça de armas” que conduz, pelo lado norte, à Torre de Menagem.

  • Praça de Armas

      Este grande espaço interior, circundado pelo chamado “caminho da ronda” ou adarve é protegido por um forte dispositivo de ameias e troneiras.

  • Torre de Menagem

      Esta torre, com um grande eirado na cobertura, compõe-se de dois pisos. Grandes lareiras revelam o caractere residencial que o Castelo teve.

  • Torre do Poço

      Junto à Torre de Menagem, pelo lado nascente, está a “torre do poço” que é uma construção do séc. XV toda em granito e com 8 janelas fechadas, formando nichos, com acesso pelo exterior com 136 degraus. O poço tem 33,5 metros de profundidade e nascente própria.

  • Tenalha

      Através de uma passagem coberta protegida por seteiras, chega-se à tenalha que é uma pequena obra de fortificação para proteger a torre de menagem, do lado sul. A forma da sua construção supõe o uso de armas de fogo.

  • Torre da Casamata

      Do lado poente foi montado este recinto defensivo, ao nível térreo, com bombardeiras e besteiras dispostas de forma eficaz para assegurar o tiro em todas as direções.

  • Capela

      unto à barbacã encontra-se um interessante conjunto constituído por uma capela hexagonal e casa do capelão, mandados edificar em 1656. A referida capela veio substituir uma ermida muito antiga, entretanto demolida. Da antiga ermida transitaram para a atual capela um precioso núcleo de imagens de pedra de ançã.

 

      Entre 1992 e 2006 realizaram-se estudos arqueológicos e importantes obras de restauro e conservação, numa parceria entre a Comissão de Vigilância do Castelo de Santa Maria da Feira e o ex IPPAR. Salienta-se a reabilitação da Capela e da Torre de Menagem, preparada para receber conferências, reuniões, espetáculos musicais, exposições e outros eventos.

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fontes: lisbonlux.com, eurodicas.com.br e www.patrimoniocultural.gov.pt

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