Castelo de Porto de Mós
O castelo também referido como Castelo de D. Fuas Roupinho, localiza-se na freguesia de Porto de Mós, São João Baptista e São Pedro, concelho de Porto de Mós, distrito de Leiria, em Portugal
Por Jorge Toth
Acredita-se que a ocupação do sítio remonte à pré-história, conforme fragmentos de cerâmica trazidos à luz pela pesquisa arqueológica. Acredita-se que a primeira defesa da povoação surgiu no período da ocupação romana, foram recolhidas moedas e identificadas inscrições latinas em duas cantarias. No período de ocupação muçulmana aqui teria existido uma atalaia.
Erguido isolado sobre um morro de 148m acima do nível do mar, em posição dominante sobre a povoação, o seu nome está ligado ao de D. Fuas Roupinho, imortalizado nos versos de Luís de Camões e na lenda da Nazaré.
A RECONQUISTA CRISTÃ DA PENÍNSULA IBÉRICA
Na época da reconquista, tendo as forças de Afonso I de Portugal (1143-1185) avançado até à linha do rio Tejo, a povoação de Porto de Mós terá sido conquistada aos muçulmanos em 1148. A tradição refere como seu alcaide D. Fuas Roupinho. Pouco tempo mais tarde os muçulmanos reconquistaram esta posição, tendo D. Fuas logrado a fuga para retomá-la em seguida, com reforços, definitivamente.
Mais certo é a iniciativa edificadora dos nossos primeiros monarcas. Sob o reinado de Sancho I de Portugal (1185-1211), atribui-se uma primeira construção militar, posteriormente alargada e reforçada por Dinis I de Portugal (1279-1325) este monarca, por carta de arras datada de 24 de abril de 1281, outorgou como dote a sua noiva, futura esposa, D. Isabel de Aragão, as vilas de Abrantes, Óbidos, Alenquer e Porto de Mós, que a partir de então (até 1834) passariam a integrar o património das rainhas de Portugal, em 1305, o castelo sofreu obras de restauro, adaptando-o à função de residência senhorial. O monarca também foi erguido uma muralhada em torno da vila.
CRISE DE SUCESSÃO
Nesse período de crise, entre 1383 à 1385, a povoação e o seu castelo tomaram o partido do Mestre de Avis, aclamado rei como João I de Portugal (1385-1433). As forças portuguesas, sob o comando do soberano, aqui acamparam a caminho da batalha de Aljubarrota (1385). A povoação, o castelo e seus domínios integraram a ampla doação de terras e direitos feita pelo soberano ao Condestável, D. Nuno Álvares Pereira. Por falecimento deste, foram legados em testamento à sua filha e genro, os primeiros duques de Bragança.
Mas o mais importante contributo construtivo para a história de Porto de Mós ocorreu já no século XV, altura em que a localidade entrou na posse do Conde de Ourém e 1º Marquês de Valença, D. Afonso. Em Ourém, interessando-se por várias vilas destes domínios, foi o responsável por várias melhorias em Porto de Mós, entre as quais a transformação do seu castelo medieval em um solar renascentista. O majestoso paço que construiu no castelo de Porto de Mós inscreve-se neste mesmo movimento e constitui o segundo capítulo escrito por D. Afonso de uma história de real importância na evolução da arte quatrocentista nacional.
No início do século XVI elementos classicizantes do átrio mostram possíveis intervenções de Jaime I, 4.º duque de Bragança, a quem Manuel I de Portugal (1495-1521), em 1498, restituiu os títulos, terras e bens confiscados a seu pai.
Por volta de 1735 uma das cinco torres do castelo ruiu. Quando do terramoto de 1 de novembro de 1755 o castelo foi severamente danificado, tendo ficado de pé apenas três torres, muito arruinadas. A muralha ficou aberta do lado norte, e ruiu parte da varanda do lado sul.
Em 1909 um novo sismo destruiu três das arcadas da varanda, deixando à vista as abóbadas. Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto de 16 de junho de 1910, publicado no Diário do Governo n.º 136 de 23 de junho. A ZEP e a Zona "non aedificandi" encontram-se definidas por Portaria publicada no Diário do Governo, II Série, n.º 152, de 2 de julho de 1948. Incluído na Área Protegida das Serras de Aire e Candeeiros.
A intervenção do poder público teve lugar a partir de 1936 pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que promoveu extensa intervenção de limpeza, conservação e restauro que se estendeu até ao final da década de 1950. Em 1960 foi instalada a iluminação "festiva" do castelo. Novas intervenções no conjunto tiveram lugar na primeira metade da década de 1970, na década de 1990, quando tiveram lugar escavações arqueológicas (1991-1992), e em 2001.
Fontes:
patrimoniocultural.gov.pt, fortalezas.org e monumentos.gov.pt